A cidade de Tatuí receberá nesta semana, entre os dias 4 e 7 de julho (sexta-feira a segunda-feira, respectivamente), a estreia do espetáculo “Laudelina”, um solo poético-documental que une memória, política e ancestralidade por meio da trajetória de Laudelina de Campos Mello, uma trabalhadora doméstica e referência histórica na luta por direitos no Brasil.
Com entrada franca, a montagem será apresentada na sede da Dupla Companhia, grupo de teatro de Tatuí, localizada à Rua Prefeito Antônio Tricta Junior, nº 262, na Vila Dr. Laurindo. Os horários serão: dias 4, 5 e 7 de julho (sexta-feira, sábado e segunda-feira), às 20h; e no dia 6 de julho (domingo), às 16h. A peça tem classificação indicativa de 10 anos, duração de 70 minutos e apresentações com acessibilidade em Libras e audiodescrição. Os ingressos podem ser reservados gratuitamente no link https://bit.ly/45Pyiyx.
Com texto inédito de Rafaele BreveseCristiane Sobral, e direção de Luiza Loroza, o espetáculo é protagonizado por Rafaele Breves, atriz tatuiana, que costura em cena a história de Laudelina com memórias íntimas de sua própria ancestralidade. “Meu corpo em cena traz não só a força das lutas passadas, mas também o peso e a beleza que herdei das mulheres da minha família. Como Laudelina, minha mãe, minhas tias, minha irmã, minha avó e minha bisavó também foram trabalhadoras domésticas. Com esse solo, eu conto essa história como quem costura um tecido ancestral, ponto por ponto”, explica Rafaele.
A peça reúne uma equipe majoritariamente composta por mulheres negras de diferentes regiões do Brasil (Rio de Janeiro, Distrito Federal, Minas Gerais, Pernambuco, São Paulo e Pará) e reforça o compromisso da Dupla Companhia com a valorização das histórias silenciadas e com a escuta das raízes culturais brasileiras.
Segundo Lucas Gonzaga, diretor artístico da Dupla Companhia, a montagem dá continuidade à pesquisa do grupo sobre Território, Memória e Identidade: “Laudelina não é uma biografia convencional. É um gesto poético de escuta e permanência, um convite a refletir sobre as estruturas que ainda atravessam o trabalho, o gênero e a raça no Brasil contemporâneo”, diz.
A narrativa propõe uma imersão sensível em histórias reais entrecortadas por silêncios, afetos e gestos. Em cena, Rafaele traz à tona a potência de mulheres que sustentam, com seu trabalho, o cotidiano de milhares de lares brasileiros. “Mulheres negras não deveriam morrer exaustas. Temos direito ao descanso e queremos interromper o ciclo da obediência forçada. Com esse trabalho, sugerimos a invenção como resistência, tramando futuros possíveis e imaginando passados negados”, afirma a atriz.
A estreia do espetáculo em Tatuí também marca as celebrações do “Julho das Pretas”, mês dedicado à valorização da luta das mulheres negras, em alusão ao Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha (25/7).
“Laudelina” integra o repertório autoral da Dupla Companhia, que já apresentou montagens como “As Três Marias” (2022),“Ícaros” (2024)e“Nise em Nós” (2025). O grupo atua na interface entre arte, cultura e educação, com foco na escuta coletiva e na valorização das histórias subterrâneas do Brasil.
O espetáculo tem realização da Dupla Companhia, em parceria com o Ministério da Cultura do Governo Federal e a Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo.
CRÉDITO DA FOTO: Juliana Nascimento.