O Teatro Procópio Ferreira, do Conservatório de Tatuí, receberá, neste domingo (20/10), às 18h, o “O Caso Meinhof”, do Teatro do Fim do Mundo. O espetáculo “O Caso Meinhof” discute o fracasso e a herança dos movimentos revolucionários do século XX, além de debater a presença das mulheres na liderança de processos políticos, entre outros temas que se mostram urgentes no Brasil de hoje.
No mesmo dia, das 14h às 16h, o grupo promoverá uma Oficina gratuita com o tema “Depois de Brecht – Dramaturgia política contemporânea em língua alemã”, coordenada por Artur Kon, abordando a obra de quatro autores fundamentais do teatro de língua alemã para investigar os modos e sentidos de escrever para a cena hoje, convidando os participantes a reavaliarem o legado de Bertolt Brecht, referência incontornável para a proposta de uma poética política no campo dramatúrgico e teatral. Partindo da ideia de que “ser contemporâneo” não é tão simples quanto se pode imaginar, a Oficina propõe um olhar aprofundado para o duplo desafio: levar ao extremo a experimentação formal e (para) refletir sobre nosso tempo sem escamotear seus impasses. O público-alvo são pessoas maiores de 16 anos de idade, estudantes de Teatro ou com interesse na temática. Há 30 vagas disponíveis e as inscrições devem ser feitas no próprio local.
A montagem de “O Caso Meinhof” é livremente inspirada no texto “Ulrike Maria Stuart”, da ganhadora do Nobel de literatura Elfriede Jelinek. Lançada logo após a premiação com o Nobelem2004, a peça é considerada como a mais importante de Elfriede Jelinek, autora fundamental para a dramaturgia contemporânea, apesar de sua obra ainda ser pouquíssima encenada no Brasil.
A narrativa parte da história do RAF (Grupo BaaderMeinhof), grupo terrorista alemão dos anos 70 liderado por duas mulheres: Ulrike Meinhof e Gudrun Ensslin. Após a morte na prisão de seus principais integrantes, seus cérebros foram retirados para estudos, incluindo o de Ulrike Meinhof. Houve, inclusive, quem afirmasse que uma lesão no cérebro de Ulrike teria sido responsável pelo comportamento violento e consequentemente sua atividade de terrorista. Somente décadas depois, a filha de Meinhof, já adulta,conseguiu na justiça reaver e enterrar o cérebro da mãe. Ocasião em que também se descobriu que os três outros haviam desaparecido misteriosamente.
A partir desses estranhos fatos, a peça do Teatro do Fim do Mundo inventa o misterioso roubo do cérebro de Ulrike por parte de seus filhos, que o teriam preservado em um vidro para se comunicar com ele a fim de investigar a verdade sobre a morte da mãe. Nesta investigação, eles criam um podcast e, a cada episódio, confrontam um entrevistado envolvido na história e usam meios pouco convencionais de comunicação, inclusive com os mortos. Para narrar essa história, o Teatro do Fim do Mundo transformou a trajetória de vida da terrorista Ulrike Meinhof em um podcast, que é apresentado em cena pelos filhos da guerrilheira.
A história é dividida em três episódios, com 50 minutos cada, e o público escolhe se quer ver cada um deles de maneira independente ou assistir a todos juntos, em um espetáculo de quase 3 horas de duração, com dois intervalos. Mas a peça também pode ser lida como uma disputa entre três figuras – um pai, uma mãe e a rival desta – pela influência sobre os filhos do casal.
A oficina de dramaturgia e o espetáculo teatral fazem parte de um projeto contemplado no Edital ProAC n° 02/2023 “Teatro/Circulação de Espetáculo”.
A entrada para prestigiar o espetáculo é gratuita, devendo o interessado chegar uma hora antes da apresentação para retirar o seu ingresso na bilheteria do Teatro Procópio Ferreira, que fica na Rua São Bento, n° 415, Centro. Mais informações estão disponíveis em @teatrodofimdomundo.
FICHA TÉCNICA
Livremente inspirado em Ulrike Maria Stuart, de Elfriede Jelinek, “O Caso Meinhof” tem direção de Clayton Mariano e Maria Tendlau; tradução e dramaturgismo de Artur Kon; elenco composto por Artur Kon, Carla Massa, Clayton Mariano, Maria Tendlau, Mariana Otero e Marilene Grama; direção de arte e material gráfico de Renan Marcondes; cenotecnia de Matias Arce; desenho de luz, direção e operação técnica de Cauê Gouveia; trilha original de Renato Navarro; confecção das golas, Antonio Slusarz; fotografia de Cacá Bernardes; registro em vídeo de Bruta Flor Filmes; assessoria de imprensa de Luciana Gandelini de Souza; assistente de produção, Mariana Pessoa; e direção de produção de AnaCris Medina – Jasmim Produção Cultural.