A Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento Social da Prefeitura de Tatuí apresentou, nesta semana, um relatório que aponta a queda no número de pessoas em situação de rua no município. Em janeiro de 2017, quando a atual administração assumiu, eram 37 pessoas, da cidade de Tatuí, que perambulavam pelas ruas e se concentravam em pontos como: Mercado Municipal, posto de combustíveis desativado as margens da Rodovia Antônio Romano Schincariol (SP 127), rodoviária, próximo ao Asilo e ao Velório Municipal, em frente a uma loja de móveis no início da rua XI de Agosto, na Praça da Matriz, na Praça Santa Cruz, próximo a uma farmácia do Bairro Quatrocentos e na Estação Ferroviária. Atualmente, esse número diminuiu, e há registros que existem entre 20 e 25 pessoas.
“Temos que levar em conta que também há pessoas em situação de rua que são migrantes. Por estarmos localizados próximo a grandes centros urbanos, como São Paulo, Sorocaba e Campinas, e termos fácil acesso por meio de duas importantes rodovias do Estado (Castello Branco e Raposo Tavares), o fluxo migratório da população em situação de rua é maior”, revela o gestor de Assistência Social, Edmar Pereira. Ele explica que essas pessoas são encaminhadas para a Casa de Apoio aos Irmãos de Rua São José (CAIRSJ), a Casa da Tata, com o intuito de receberam a passagem de ônibus e voltarem para seu município de origem.
Com as pessoas em situação de rua de Tatuí o trabalho é intenso e promovido por uma equipe de profissionais do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS). “Diariamente realizamos abordagens onde conversamos com essas pessoas, cadastramos e, quando há aceitação, encaminhamos aos serviços sócios-assistenciais no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS). Há, também, encaminhamentos nas áreas de Saúde para o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e Unidades Básicas de Saúde (UBS), além da rede conveniada Casa de Apoio aos Irmãos de Rua São José (CAIRSJ), onde são ofertados pernoite e passagem para os migrantes. Alguns moradores de rua também são encaminhados para a Comunidade Terapêutica Força para Viver. Para os moradores de Tatuí que não possuem vínculos familiares, a CAIRSJ oferece acolhimento e, após identificados os casos, é feito o encaminhamento para o CREAS, que trabalha a possibilidade de reconstrução dos vínculos familiares com o objetivo do retorno para a família”, explica a assistente social e coordenadora do CREAS, Nativa Quedevez de Souza. Outra ação realizada pelo CREAS é a regularização da documentação dessas pessoas.
De acordo com Nativa, o perfil das pessoas em situação de rua no município é de dependentes químicos de álcool e drogas. “Diferentemente dos grandes centros urbanos não temos hoje famílias que moram nas ruas por falta de residência ou de emprego. A condição que as levou para a rua é a dependência química. Daí a dificuldade em fazê-las voltar para a casa ou ir para uma Casa de Apoio”, ressalta.
O gestor de Assistência Social, Edmar Pereira, explica que a política de Assistência Social visa a garantia de direitos e não o assistencialismo, como é o caso de doações de dinheiro, marmitex ou cobertores. “Eles precisam muito mais do que isso, eles precisam que seus direitos sejam preservados e garantidos com uma nova perspectiva de vida, com um atendimento técnico, digno e ético. Quem tiver interesse de doar qualquer coisa que seja é importante que doe para alguma instituição que acolhe essas pessoas, como é o caso da Casa de Apoio aos Irmãos de Rua São José, mais conhecida como Casa da Tata”, enaltece.
Uma nova realidade – O trabalho intenso da Secretaria Municipal de Trabalho e Desenvolvimento Social pode ser ilustrada por três exemplos de pessoas que estavam em situação de rua e hoje tem uma outra realidade.
O casal L. E. B. S., 32 anos de idade, e E. M. A., 48 anos de idade, ficou nas ruas de Tatuí por cerca de dois anos e há quatro meses conseguiu alugar uma casa no Jardim Astória. L. E. começou a fazer “bico” como ajudante de pedreiro e pintor, e E. M. A., sua esposa, é aposentada e cuida da casa e das plantas como ninguém. Durante o tempo em que ficaram nas ruas receberam o atendimento de abordagem social do CREAS, que os orientou quanto as possibilidades e acesso as políticas públicas. Atualmente, eles continuam recebendo o acompanhamento da assistência social, mas, infelizmente, no dia em que escrevíamos esse texto, L. E. teve uma recaída com o álcool, voltou para as ruas e foi recolhido na Comunidade Terapêutica Força para Viver. Sua esposa, continua na residência.
Outra situação é da senhora L. R. C., 76 anos de idade, que mesmo com duas aposentadorias, ficava nas mediações do Mercado Municipal devido a dependência do álcool. Com o trabalho das assistentes sociais foi possível leva-la para uma Casa de Repouso, onde encontra-se há um mês.
História semelhante tem I. A. S., 73 anos de idade, que também vivia no Mercado Municipal e era dependente alcoólica. Após muitas abordagens sociais do CREAS e a tentativa de encontrar alguém da família, as assistentes sociais localizaram uma filha de I. A. S. (que foi abandonada por ela quando criança) e que aceitou, com as duas aposentadorias que a mãe recebe, coloca-la para residir em uma Casa de Repouso.