Na quinta-feira (16), a Faculdade Estadual de Tecnologia “Professor Wilson Roberto Ribeiro de Camargo” (Fatec), de Tatuí, inaugurou em suas dependências, a sede do Sistema Integrado de Informações Meteorológicas Aplicáveis à UGRHI-10. Neste dia, entrou em operação no seu câmpus universitário uma das cinco estações de monitoramento de dados climáticos, cujo funcionamento é integrado pela rede de telefonia celular a outras quatro centrais semelhantes, também inauguradas ontem na Fatec de Itu e nas Escolas Técnicas Estaduais (Etecs) de Cerquilho, Piedade e Mairinque.
O projeto foi financiado pelo Fundo Estadual de Recursos Hídricos (Fehidro) e custou R$ 386 mil; e as estações coletoras têm por função apurar e transmitir, em tempo real, dados de temperatura (mínima, média e máxima), pressão atmosférica, umidade relativa do ar, radiação solar, volume de chuvas (pluviometria) e vento (direção e velocidade).
“O foco é coletar, organizar, analisar e oferecer essas informações públicas e não sigilosas para pesquisas acadêmicas. E usá-las em estudos de planejamento hídrico nos municípios abrangidos pela Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio Sorocaba e Médio Tietê”, explica José Carlos Ferreira, doutor em engenharia agrícola e professor da Fatec Tatuí.
A prefeita Maria José Vieira de Camargo esteve no local. Em suas palavras aos presentes, destacou a importância das parcerias que a Fatec de Tatuí desenvolve, “que além do conhecimento, ajuda a desenvolver tecnologias para uso do desenvolvimento”.
A UGRHI-10 abarca as cidades paulistas de Alambari, Alumínio, Anhembi, Araçariguama, Araçoiaba da Serra, Bofete, Boituva, Botucatu, Cabreúva, Capela do Alto, Cerquilho, Cesário Lange, Conchas, Ibiúna, Iperó, Itu, Jumirim, Laranjal Paulista, Mairinque, Pereiras, Piedade, Porangaba, Porto Feliz, Quadra, Salto, Salto de Pirapora, São Manoel, São Roque, Sarapuí, Sorocaba, Tatuí, Tietê, Torre de Pedra, Vargem Grande Paulista e Votorantim.
Idealizador e coordenador-executivo do projeto, Ferreira ressalta não se tratar de um sistema dedicado a previsões meteorológicas, porém, seus dados estarão disponíveis para centros envolvidos com este trabalho.
“Outro viés será auxiliar a tomada de decisões de órgãos como Defesa Civil, Bombeiros, secretarias de Estado da Agricultura e Abastecimento, Meio Ambiente, Planejamento e Gestão, Companhia de Saneamento Básico do Estado (Sabesp) e Departamento de águas e Energia Elétrica (DAEE), entre outros”, analisa Ferreira.
Treinamento – Fabricadas pela empresa norte-americana Sigma Sensors, as cinco estações são equipamentos autônomos e automáticos. Dispensam auxílio humano para funcionar e são alimentadas por eletricidade, gerada de modo 100% sustentável: um painel fotovoltaico capta a luz solar e depois de transformá-la em energia elétrica, o sistema a armazena em uma bateria capaz de funcionar por até um mês sem nenhum dia de sol.
“Um dos diferenciais dessas centrais é serem construídas de modo modular, com sensores e circuitos independentes. Assim, quando um deles deixa de funcionar, os demais seguem em operação e basta fazer a troca da peça com defeito para o funcionamento completo ser retomado”, explicou Júlio Cesar da Silva, representante da empresa fornecedora.
Na Fatec Tatuí, ele fez demonstração de campo do equipamento e capacitou alunos e professores do Centro Paula Souza sobre como extrair e refinar, pela internet, os dados apurados em tempo real pelas centrais, inclusive para os alunos e professores da Fatec São Roque e Etec Itu também envolvidos com o projeto.
Parcerias – “Temos cinco projetos de pesquisa que usarão os dados da estação meteorológica”, afirmou o professor Mauro Tomazela, diretor da Fatec Tatuí. Segundo ele, sua unidade ficou responsável pelas operações das centrais e organização dos dados. “Até o final do ano, criaremos um site do projeto com domínio exclusivo para publicar on-line e em tempo real todas as informações apuradas nas centrais. No momento, o interessado em ter acesso aos dados deve contatar a Fatec Tatuí”.
Presente na inauguração, Wendell Wanderley, presidente do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Sorocaba e Médio Tietê, destacou a importância da apuração das séries históricas de chuvas, para o desenvolvimento de estudos com irrigação, lavoura e recarga de lençóis aquáticos subterrâneos.
“A seca provocada no Estado de São Paulo no verão de 2014 evidenciou a necessidade de planejamento de programas de captação de água para abastecimento público, irrigação, uso industrial e geração de energia. Assim, a criação desse sistema em parceria com o Centro Paula Souza será de grande valia”, destacou ele, agricultor de ofício com lavouras de milho e feijão.